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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Capítulo 43 - Por trás de toda personalidade forte há alguma fraqueza.

(Snoly)
Percebi que havia acabado de beijar Frank e me afastei bruscamente.
- Desculpe - eu disse.
- Pelo quê? - ele disse olhando pra mim. - Olha, não foi nada tá?
- Tá... Mas isso foi estranho... - eu  não sei o porquê, mas comecei a chorar.
- Você está bem?
- Não.
- Por quê? 
- Eu tenho medo de floresta.
(Frank)
- Por quê? Sem querer ser indelicado.
- Tudo bem, é que... A história é bem comprida...
- Eu tenho tempo. - notei um sorriso fraco no rosto dela.
- Tudo bem, bem é que é como eu aprendi a controlar o gelo e a neve.
- Você não nasceu assim?
- Não. - notei uma lágrima solitária cair de um olho dela. - Bem tudo começou quando eu e minhas irmãs mais velhas resolvemos brincar fora de casa, nossa casa era em um campo. Minha irmã mais velha tinha treze anos, a irmã do meio tinha oito anos e eu tinha cinco na época que isso aconteceu. Minhas irmãs e eu cruzamos a cerca que saía de nossa casa e fomos brincar na floresta. Mas não conseguimos sair de lá... Ficamos perdidas. Minha irmã mais velha sempre cuidava de nós, um dia ela saiu pra caçar e... Nunca mais voltou. - tentei descobrir a expressão dela, mas ela parecia estar arrasada. - Minha outra irmã ficou completamente arrasada, não queria fazer mais nada, só chorava, eu devia estar com seis anos quando isso aconteceu, e eu estava com fome, frio e queria minha irmã mais velha. Comecei a chorar e minha outra irmã simplesmente olhou para mim e sussurrou um pequeno pedido de: "Desculpas", e saiu correndo, acho que foi desespero por achar minha irmã, eu fiquei sozinha em uma floresta com uns seis anos. - dessa vez eu vi lágrimas escorrerem dos olhos dela, sem parar, eu não sabia o que dizer. - ELA ME DEIXOU SOZINHA, SOZINHA... Mas, enfim, sempre tentei me virar sozinha, então me levantei com lágrimas escorrendo e tentei achar qualquer coisa que me ajudasse a caçar, e eu achei a lança de minha irmã mais velha, peguei ela na mão e segui meu caminho pela floresta, como se nada tivesse acontecido. Eu sempre dava um jeito de arranjar comida e água, por mais difícil que fosse, por muitos anos me senti arrasada. Me senti como se nada mais fizesse sentido, mas eu sobrevivi, então quando eu tinha 16 anos achei uma parte da floresta coberta de neve, isso de alguma forma me acalmou, me deixou feliz.
- Por isso é seu poder?
- Na verdade não, foi por causa de outra coisa, mas isso deve ter algo a ver. Continuando, eu comecei a correr como se a vida finalmente voltasse a ter sentido, a neve caía em meus cabelos loiros e...
- Mas você tem cabelos morenos.
- Agora, só agora. E enquanto eu corria pela floresta coberta de neve me sentia diferente, como se aquilo fosse um sonho. Então eu tropecei, eu caí no chão e bati a cabeça em uma pedra, eu não morri, mas eu vi algo vermelho cobrindo toda neve branca, me levantei e notei que estava com a cabeça sangrando, então aprendi a minha lição, nenhuma floresta é legal. Continuei meu caminho com pingos de sangue na neve, então, teve uma hora que me senti mal e desmaiei, quando acordei toda neve ao meu redor estava vermelha, comecei a gritar, mas havia um curativo em minha cabeça, até hoje, não sei quem fez isso e o porquê de ter feito isso, acho que isso foi solidariedade. Me levantei, meu vestido estava cheio de manchas vermelhas, olhei pro lado e percebi que...que... Tinha uma carta, a pessoa que me salvou me confiou uma chave que se colocada na porta certa pode matar todos os zumbis. Peguei a chave, era um colar, coloquei e a chave brilhou. Comecei a andar, estava com frio e faminta, achei uma maça em uma macieira, peguei a maçã e a mordi, com receio por causa das histórias. No fim a maçã era boa. Mas então eu pensamento infeliz veio até a minha cabeça: "Quem iria querer eu viva? Ninguém, todos acham que eu estou morta, então pra que viver?".
- Você se matou?
- Sim...
- Mas como?
- Quer ouvir o resto da história? Já deu pra entender minha fobia.
- Sim, mas se você quiser contar o que aconteceu depois.
- Tá... - ela riu - Eu achei um lago e coloquei a mão nele, percebi que a água era muito gelada e podia matar qualquer pessoa que pulasse dentro daquele lugar, como a água do Titanic. 
- Você pulou.
- Fiquei pensando muito tempo sobre isso, mais ou menos uma hora, antes de tomar coragem e colocar meus pés na água, mas foi o que eu fiz depois me atirei na água, o frio tomou conta de mim e de repente eu caí na areia do fundo do lago, meu vestido já não estava mais cheio de sangue, a chave continuava no meu pescoço, mas meu cabelo estava cada vez mais escuro, como se meu cabelo loiro fosse tinta. Eu consegui ver céu uma última vez antes de não sentir mais ar em meus pulmões e tudo ficar escuro.
- Você se matou?
- Quer ouvir a verdade?
- Claro né?
- Sim...
- Então você é um fantasma?
- Eu...
- ASSOMBRAÇÃO!!!
- Na verdade eu não sou um fantasma Frank. 
- Ah....
- Quando eu abri meus olhos percebi que estava abraçada com um livro, era o livro de contos de minha mãe, então percebi que estava em um barquinho. Abri o livro e comecei a ler e chorar, tinha uma foto minha e de minhas irmãs, então ouvi vozes no fim do lago, levantei minha cabeça eram meus pais conversando com meu irmão, quando eles me viram não me reconheceram de primeira mas depois começaram a chorar e perguntar onde estavam minhas irmãs, eu simplesmente disse: "Eu não sei". - ela começou a chorar tanto que meu coração ficou muito apertado e eu disse:
- Calma Snoly, agora está tudo bem. - ela se sentou do meu lado, agora eu já estava sentando, e eu coloquei o meu braço por trás dos ombros dela, ela se apoiou em ombro e chorou até adormecer.

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