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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Capítulo 36 - Estou drogada sem drogas

( Thalia)
 Eu corria na floresta como louca. Eu não fazia a menor ideia de onde o resto do me grupo estava, eu só sei que depois de 10 minutos em estado de choque, a coisa mais racional que eu tenho a fazer é correr para frente sem olhar para trás, tentando não ter a síndrome do pânico.
Eu mal enxergo o que tem na minha frente, estou tropeçando me batendo caindo em cima dos arbustos e acho que esse gosto de ervas ácidas na minha boca é o musgo que eu encontrei quando minha cara foi de encontro ao chão. Estou sem fôlego, e resolvo que é hora de sentar e descansar. Acho que daqui alguns minutos vou ter que procurar o resto do grupo. Essa floresta é a maior que eu já vi, é muito escura e estou sozinha. Mas faço o que meus instintos mandam: chorar.
Eu sei, eu sei. Eu geralmente sou a mais forte do grupo e tal coisa, mas ai vai uma frase profunda (talvez meio emo, sem graça, besta, retardada, sem significado) : Você não precisa poupar-se das lágrimas derramadas no caminho, elas são apenas indícios da dor pela qual você passou e sobreviveu.
  Eu estou muito filósofa hoje, aguentem U.U | Quando eu resolvo que já estou descansada o suficiente, me viro para continuar andando. Mas para a minha surpresa, surgiu do nada  um escada, brilhante, a única fonte de luz visível da floresta quando nem mesmo a lua tem brilho suficiente para iluminar (a minha alma negra)  a floresta. Eu falei que estou filósofa, pare de reclamar.
De algum jeito ou de outro, eu começo a subir na escada. Agora não tenho mais certeza do que é real ou não, minha mente está pregando peças em mim e eu me sinto a maior drogada. A escada começa a passar pelo meio das folhas das árvores, e penso que estou indo em direção às nuvens.
Foi ai que eu me enganei. Lá em cima, o céu estava praticamente vermelho. Pedras negras brilhantes estavam em meio ao nevoeiro. Eu não queria seguir em frente, mas eu simplesmente não conseguia fazer meus pés pararem. Era como se meu cérebro tivesse perdido o poder de controle e uma força sobrenatural me levava contra minha vontade. Percebo que estou andando mais rápido e automaticamente meu coração acelerou e já se tornava difícil de respirar. Era como se houvessem paredes, e elas estivessem se fechando contra mim.
De repente, aranhas começam a voar do céu e pularem em mim. Ai eu abri o berredo e comecei a me dar tapas e socos. Isso só piorou tudo. Elas ficaram revoltadas, e tive que tapar meu rosto com as mão para elas não me atingirem. Caio com tudo nas pedras e meu corpo amortece.
Não sinto nada. Nenhuma dor, ou cócega. Abro os olhos. Não há mais aranhas, nem céu vermelho, nem névoa. Apenas eu. Solitária. Deitada no chão em posição fetal, assustada como uma criança que acaba de nascer.
Eu nunca derramei  tantas lágrimas assim na minha vida. Enxugo meus olhos, mas nos meus dedos eu vejo sangue. Então eu grito, e o barulho parece ter atraído, simplesmente, todos os zumbis do mundo. Coloco a mão no cinto, à procura de minha faca, e então eu me lembro que estou de vestido, e que troquei minha faca por uma lança quando a dei para Carly. Estou desarmada.
Quando o primeiro zumbi apareceu, virei seu braço para o lado, meio que de costas e subi na sua garupa. Com visão mais alta, a única coisa que eu enxergava era zumbis, e o chão não se tornava mais visível.
Começo a chutar os zumbis para longe enquanto tento decidir se isso é real ou é uma alucinação. Mas então eu escuto a voz de Isís:
- Ah! Qual é?!
- Isís? – murmuro para mim mesma. Mas isso apenas me distrai. Meu foco sai instantaneamente da sobrevivência e toma rumo pelo meu lado de querer proteger quem eu amo. Meu ponto fraco faz eu me desequilibrar, cair dos ombros do zumbi e ir direto para o chão. Então vejo a cara deformada sangrenta arrancando um pedaço do meu peito. A dor é tão forte que penso que vou morrer. Na boca do zumbi vejo meu coração. Ele está jorrando sangue no meu vestido, mas está negro e ainda batendo. Tenho que fechar os olhos para poder gritar. Dane-se se eu atrair zumbis, eu estou morrendo e a sensação não é boa. Meus olhos estão tão cheios de lágrimas que vejo os zumbis como pequenos borrões deformados. Os zumbis agora estão puxando meus braços e pernas, mas eu não estou mais assustada. Venho fugindo da morte à muito tempo, mas há sempre uma hora que ela será inevitável. Limpo os olhos, e ainda sai sangue deles.
Bem, pelo menos eu morro como uma heroína. Só espero que as pessoas lembrem de mim e nunca se esqueçam do quando eu as amava, mesmo que eu não conseguisse demostrar.
Mas, como eu sempre me engano, o zumbi começou a desaparecer, assim como todos os outros ao meu redor, e o meu ferimento. Sua desintegração forma uma moldura e no meio dela, minha imagem.
Me levanto e percebo que é um espelho. Minha cara está mais repugnante do que nunca esteve. Minha pele está vermelha e os olhos estão inchados. O cabelo parece um ninho de ratos e há terra no meu vestido. Tenho pentear com os dedos mesmo o cabelo e ele começa a cair em minhas mãos. Entro em desespero. Era só o que me faltava eu ficar careca! O cabelo para de cair quando ele atinge a altura dos meus ombros. Minha pele está ardente. Olho no espelho e estou ficando pálida. Muito pálida. Estou me tornando a Thalia do futuro.
Começo a chorar e a realidade me atinge com uma bola de fogo que faz eu incendiar em meio a escuridão total. Abro os olhos e estou de volta à floresta. Não há nenhuma escada. Eu sou uma sobrevivente.
Começo agradecer a Deus por tudo não ter passado de uma alucinação quando coloco meu cabelo atrás da orelha. Percebo que ele está estranhamente curto. Olho para minha pele, branca como a lua. Entro em estado de choque. Se isso não foi uma alucinação, significa que Jake está morto.
Começo a correr em meio as árvores, tendo esperança que seja minha querendo brincar com meu nível máximo de insanidade.

- Jake! JAKE!!! – grito sem resposta. Meus olhos não param de se mexer um segundo, e deve ser por isso que bato de cara em uma árvore enorme no meio da trilha. Quando levanto, vejo um homem enforcado, pendurado em um dos galhos. 

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